18.7.14

uma manhã de sábado (com e sem filhos)

Existem duas maneiras de viver uma manhã de Sábado. E a forma como encaramos este dia pode depender de algo muito simples: a existência ou não de filhos. Encontrei uma comparação que considero divertida e que aqui partilho.

6:00 AM
Sem filhos: Ainda faltam aproximadamente cinco horas para sair da cama.
Com filhos: Hora de levantar. Alguém fez xixi que saiu da fralda e a cama está cheia de urina.

6:30 AM
Sem filhos: Continua a dormir.
Com Filhos: A fralda foi mudada. Tenta-se dormir um pouco mais mas o filho está a gritar nomes dos animais do zoo enquanto dá cambalhotas. É hora de sair da cama.

07:00 AM
Sem filhos: A almofada está muito quente. Volta-se a mesma ao contrário e o sono continua.
Com filhos: Faz-se pequeno-almoço para o filho. Mas hoje ele detesta o que tanto ama nos outros dias. E começa a pedir algo que não se compreende. Como não se compreende, ele vai aumentando o tom de voz.

08h00 AM
Sem filhos: Visões tranquilas dançam na cabeça enquanto o doce abraço de sono aperta o corpo em repouso.
Com filhos: Já se viu o mesmo episódio de uma qualquer série infantil quatro vezes seguidas. Numa das vezes existiu a tentativa de mudar de canal. Mas sem sucesso.

8h30 AM
Sem filhos: Um anjo aparece no quarto. Dá um beijo na testa e diz: dorme bem meu príncipe.
Com filhos: Tenta-se tomar banho. O filho atira o maior número de objectos possível para a banheira. Nem se sabia que existiam tantas coisas em casa que podiam ser atiradas para a banheira.

9h00 AM
Sem filhos: Um pássaro empoleira-se na janela e canta uma maravilhosa canção de embalar. Sopra um beijo e voa para longe.
Com filhos: Sobe as escadas para ir ao quarto mas não repara que o filho fez das escadas um zona para brincar com carros. Pisa um, escorrega e por pouco não existem danos graves motivados pela queda.

9h30 AM
Sem filhos: Parece que vai acordar. Mais uma volta e volta-se a dormir.
Com filhos: Tenta ir à casa-de-banho e tranca a porta. O filho começa aos gritos do lado de fora. Chora porque não deixa que lhe entorne areia no colo. Nesse caso entorna em cima do cão. Era a areia da caixa onde o gato faz as necessidades.

10h00 AM
Sem filhos: Continua a dormir como um cão em frente a uma lareira.
Com filhos: Ouvem-se gargalhadas. Que conseguem ser tão assustadoras como o choro. Corre-se para a sala e vê-se o filho a desenhar, com cola, anjos na carpete. Naquele estado, a devolução não é uma hipótese. 

10h30 AM
Sem filhos: Inclina-se para ver as mensagens no telemóvel. Um amigo quer ir a um brunch. É uma boa ideia e dá para dormir mais trinta minutos. E talvez vá andar de karts depois. Logo se vê.
Com filhos: O filho adormece. Tenta-se ver um episódio da série preferida. Seis minutos depois acorda.

11h00 AM
Sem filhos: Acorda cheio de energia e a sentir-se lindo. Mas é Sábado. É melhor ficar na cama a ver um filme.
Com filhos: Está toda a gente no carro. O destino é o zoo apesar de estarem quase quarenta graus. O filho repete insistentemente um palavrão que ouviu. De todas as palavras que ouviu, repete apenas a pior.

Como não sou pai, só posso falar da parte do sem filhos. E, de certo modo, bate certo. No meu caso, depende do dia, do que tenha para fazer e até dos barulho dos vizinhos pois nem sempre fico na cama até às onze horas, mesmo no fim-de-semana. Mas confesso que troco todas estas horas calmas pelo rebuliço de ter um filho na minha vida.

42 comentários:

  1. No meu caso, com 2 filhos de 2 anos, não concordo com quase nada da parte de ter filhos. Os meus acordam por volta das 8h30/9h, não fazem nem metade das asneiras que aí surgem, e ainda não repetem palavrões! :D Mas... confesso que tenho saudades de uma boa manhã de sábado sem filhos...

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    1. As únicas experiências que tenho são com a minha sobrinha mas correram toda bem :)

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  2. O que me ri com este texto, para quem não tem filhos, descreveste na perfeição a parte do "com filhos" (menos a do xixi na cama para mim, que graças a deus os meus já passaram a fase).
    Mas como o dizes no final, não me arrependo de ter trocado tudo o que de bom tinha a parte "sem filhos" por tudo o que de bom nos trazem os filhos (também há coisas menos boas, que ninguém vive na Dysneyland, mas isso releva-se). Por exemplo, para mim o melhor acordar é quando o pequeno chega ao meu quarto e mete-se no nosso meio, cheio de beijos e mimos para dar aos pais. Não há nada que pague isso, e aproveitamos, porque eles crescem e isso acaba...a mais velha já não o faz.

    http://thelusofrenchie.blogspot.pt

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    1. Vi isto em formato de "desenho" e fartei-me de rir. Principalmente com a forma como falam sobre o sono de quem não tem filhos, transformando em algo genial. Aquilo que contas vale todas as horas mal dormidas.

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  3. Obrigado pelo post. Como pai de 2, tendo "a mais velha 19 meses", é mais ou menos isto. O pior de tudo é o choro simultâneo. Mas tudo é compensado quando se riem ou dizem papá. Não há nada melhor...

    PL

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    1. Não sendo pai achei imensa piada. Acredito que alguém como tu olhe para isto com um olhar completamente diferente e que irá "divertir-se" ainda mais do que eu. Obrigado eu.

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  4. Até há mais ou menos 1 ano a coisa era assim (na versão com filhos) agora posso ligar a TV nos bonecos e continuar a dormir aninhada no meu miúdo que fica na boa a assistir. Na versão sem filhos... eu simplesmente acordava para jantar e sair à noite.... :)

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    1. A parte das guerras da televisão ainda vivo com a minha sobrinha que quer ver sempre os canais de desenhos animados :)

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    2. Pipocante Azevedo Delirante18 de julho de 2014 às 16:03

      Um grande passo para a humanidade é quando eles aprendem os números, e dominam o comando.

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  5. Oh My God.. o que eu me ri.. as gargalhadas que dei aqui no atelier..

    É isso, sem por nem tirar..

    Me = mãe de um + com outro a caminho = um ser humano completamente alucinado

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    1. Como já referi, acho que pessoas como tu conseguem ver isto com mais encanto do que eu. E gosto muito dessa tua equação.

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  6. Pipocante Azevedo Delirante18 de julho de 2014 às 15:05

    Comentários:

    - o tipo com filhos não sabe colocar fraldas (ou a criança em questão bebeu um litro de água e mija como um fontanário)
    - o tipo com filhos tem um prodígio: usa ainda fraldas, mas já sabe nomes de animais e dá cambalhotas
    - o tipo com filhos devia ensinar o filho que o que está na mesa é para se comer, goste ou não
    - o tipo com filhos tem um filho que é uma besta selvagem, sem modos ou educação. Provavelmente a culpa é do tipo com filhos, ou da sra. tipo com filhos

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    1. Muito obrigado pelas tuas considerações, deveras importantes para o assunto em questão. Como referi no início do texto, encontrei isto e partilhei. A autoria não é minha. Mesmo assim, irei tentar encontrar o autor para que lhe faça chegar as tuas considerações. Obrigado pelo comentário.

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    2. Pipocante Azevedo Delirante18 de julho de 2014 às 15:59

      Pensei que sendo este um texto irónico, podia responder no mesmo estilo. Equivoquei-me. Obrigado pela resposta.

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    3. Pensei que sendo um comentário irónico, podia responder no mesmo estilo. Equivoquei-me. Obrigado por mais um comentário.

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    4. Vou intrometer-me na vossa conversa, sem ironia.

      Pipocante Azevedo Delirante, ou não tem filhos, ou tem/teve muita sorte (inclino-me mais para a primeira hipótese).
      Há muitas crianças que só conseguem controlar os esfincteres de noite depois dos cinco anos. Como eu nesse aspeto tive azar, os meus três filhos incluem-se nesse grupo, sendo que o mais novo tem quatro anos e ainda usa fralda de noite. Se pensa que escrevo "muitas crianças" devido aos meus filhos estarem no grupo, pode falar com pediatras ou simplesmente pesquisar na Internet, e verá que não estou a inventar.
      Ora, aos quatro anos não é nada de especial dizer os nomes de animais ou repetir palavras feias que se ouviram (embora esta última seja uma atividade de "má educação", não é sequer conveniente dar muita importância ao assunto, sob pena de a criança dizer a palavra mais vezes ainda). Quanto a dar cambalhotas, há crianças naturalmente habilidosas para a ginástica...

      HsB, gostei da tua partilha. Embora considere que há muito exagero em ambas as versões, a verdade é que ter filhos altera as nossas manhãs (de sábado e não só), tardes e noites - enfim, a vida toda! -, mas não quer dizer que isso seja mau...

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    5. Esqueci-me da parte da refeição: nisso o PAD tem razão, os miúdos têm de aprender a comer de tudo, mas isso não quer dizer que não se queixem! :-)

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    6. Bruxa Mimi

      Obrigado pelo teu testemunho. E é claro que existe exagero. Na parte das crianças e na parte em que se aborda o sono fazendo com que pareça a melhor coisa do mundo. A piada está mesmo aí mas é giro reparar que muitos pais acham piada a isto e conseguem encontrar algumas semelhanças com a realidade.

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  7. Muito bom!... fala uma mãe de uma criança de 2 anos. Não é fácil, mas é tão bom!:)

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    1. Acredito que seja. Todos os pais que conheço dizem que sim :)

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  8. Eu, sem filhos, acordo cedo todos os fins de semana e tenho sono bem cedo à noite. Talvez também por isso esteja preparada para ter um.

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    1. Desde que passei a ir ao ginásio de manhã que acordo às 6h23. Isso faz com que acorde cedo aos fins-de-semana mas às vezes forço a estadia na cama ;p

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    2. E do que conheci/conheço de ti, tenho a certeza de que serias uma boa mãe.

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    3. 6:23? Isso é alguma superstição? :)

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    4. Um aviso: nem sempre as crianças pequenas têm sono à noite... :-)

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    5. Susie
      O 23 é especial para mim. É por isso :)

      Bruxa
      Que venha a criança e logo se resolve o sono ;p

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  9. Muito bom revi -me em algumas coisas..principalmente no tranca-se na casa de banho e berros do outro lado...ou o pewueno almoço

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    1. Acho que os pais conseguem ter uma visão completamente diferente. E é giro ver os comentários dos pais.

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  10. Tal como tu, trocava o sossego das minhas folgas pelo reboliço de um filho...
    Mas o texto está hilariante :P

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    1. És tu e eu. O texto está muito bom. Quem o fez teve piada.

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  11. Os meus filhos nunca acordaram a essas horas! E ainda bem :) mas no resto anda lá perto, sim !

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  12. Assim quase que me dá vontade de continuar pela primeira opção!

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  13. No nosso blog dedicado aos nossos Avós, temos uma rubrica chamada "qualquer semelhança com baby blogs... é pura realidade"!, acho que nos vamos inspirar neste post para fazermos a comparação com os nossos sábados de manhã!! :)

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