25.7.14

ponto final, um restaurante a nunca mais visitar

Em tempos fui jantar ao Ponto Final. Para quem não conhece, é um restaurante em Cacilhas que fica situado “quase” debaixo da ponte 25 de Abril e que tem como grande atractivo a sua esplanada, situada num pequeno pontão, fazendo com que as pessoas almocem ou jantem com a sensação de que estão na água. Na altura creio que não falei do espaço no blogue mas apenas no instagram. Recordo-me que tinha gostado, sobretudo da localização. Mas também da comida e que não tinha achado o preço caro. Estes factores fizeram com que nem tivesse dado grande importância a algumas falhas (básicas) no atendimento.

Para assinalar os onze anos de namoro, e reforçar o pedido de casamento, quis levar a minha mulher novamente a este restaurante. Mas só o fazia numa condição: ficar com a última mesa do pontão. Que daria a sensação de estarmos sozinhos no restaurante e praticamente dentro de água. Nesse sentido, liguei com vários dias de antecedência para o local. Fiz a reserva e ressalvei que queria aquela mesa específica. Expliquei que era um jantar especial e que tinha de ser naquela mesa. “Ok! Fique descansado. Vou anotar e a mesa fica reservada”, disse-me o funcionário que atendeu o telefone.

A minha mulher estava a par deste desejo. Mas fiz-me de desleixado. Quando me falava da mesa, dizia que estava esquecido e que ainda não tinha ligado. A caminho do restaurante pedi desculpa pelo meu desleixo. Fiz o meu papel e disse que liguei tarde e que a mesa já estava reservada. Menti para que o impacto da desejada mesa fosse ainda maior. E lá fomos para o restaurante, comigo sempre na brincadeira a dizer que a mesa não seria nossa. Até que, depois de uma pequena caminhada, o pontão fica visível. Para meu espanto, não só aquela mesa como todo o pontão estava ocupado. A minha mulher percebeu a minha reacção e acabei por contar a verdade. Disse que tinha a mesa reservada e que não estava a gostar do que via.

Quando chegámos ao restaurante fui recebido por um empregado. “Boa noite! Fiz uma reserva em nome de Bruno”, disse. “Só um momento que vou ver”, respondeu-me, dirigindo-se ao interior do restaurante. “Pois, tinha pedido a última mesa do pontão, não foi?”, referiu. “Sim. E garantiram-me que estava reservada”, respondi. “Pois, mas aqueles senhores estão ali desde as cinco horas da tarde”, disse-me. “Deve querer dizer senhoras porque a mesa só tem duas mulheres”, foi o que lhe disse pois dava sinais de que nem sabia do que estava a falar.

“Estão ali desde as cinco horas a beber e não se levantam. Que quer que lhe faça?”, pergunta-me. Aqui faço um pequeno apontamento. O empregado diz-me que estão a beber na mesa desde as cinco da tarde (eram 20h20). A mesa não tinha nenhum copo. Tinha apenas um cesto de pão e um prato de azeitonas. Ambos imaculados. O que para mim é um sinal de que estavam na mesa há minutos e não há horas. “Não tenho que me meter no vosso trabalho apesar de achar que é desorganizado. Mas se me pergunta o que quer que faça, digo-lhe o que teria feito. Deixava que outros clientes se sentassem às cinco mas deixava claro que tinham de sair da mesa às 20h ou 20h15 porque existia uma reserva. Isto era o que tinha feito e era assim que deveria funcionar”, expliquei.

O empregado encolheu os braços, numa atitude ao estilo de “estou a cagar-me para ti, quero é o meu ordenado ao final do mês. E quero lá saber se és tu que te sentas ali ou se aquelas duas pessoas que já lá estão”. Acrescento também que este empregado não me apresentou uma única solução para minimizar um erro da casa. Não falou de outra mesa. Não me pediu para aguardar um pouco enquanto encontrava solução. Nada! Simplesmente, marimbou-se para a situação. Virei costas e fui-me embora, deixando claro que nunca mais lá voltava.

A minha revolta não está apenas relacionada com o jantar em questão. Tanto que saí dali e fui a um restaurante bem melhor. Sem aquela vista é certo. Mas com um atendimento irrepreensível e com direito a reforço do pedido de casamento. Aquilo que não posso tolerar é o mau atendimento. Aquele empregado não sabe se fiz cinco quilómetros ou se fiz duzentos para ir lá jantar. Sabe apenas que é um jantar especial e que necessita de uma mesa específica, informações que passei e deixei bem claras no antecipado momento da reserva. Tal como não sabe se existia algo mais, que tivesse pago, para dar um encanto ainda maior ao reforço do pedido de casamento. E tudo isto correu mal devido à incompetência de um (ou mais) empregado. Empregado que não se esforçou minimamente para tentar solucionar um problema provocado pelo restaurante e não por mim.

São pormenores destes que fazem a diferença. No nome e reputação de uma casa. Tal como no profissionalismo e carreira de um empregado. E são pormenores destes que fazem com que volte a uma casa ou que tenha a certeza de que nunca mais lá voltarei e que não a recomende a ninguém. E, neste caso, nem que o restaurante seja considerado o melhor do mundo (algo que nunca acontecerá com este mau funcionamento são arrasados pelos clientes mistério) lá voltarei a meter os pés. Do mal, o menos, o nome fica bem a este caso. Pois é mesmo um Ponto Final.

31 comentários:

  1. E fazes bem em partilhar, assim quem lá vai já sabe com o que pode contar ou simplesmente não ir.

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    1. É apenas um alerta para quem pretende um jantar mais especial ou simplesmente faz uma reserva, desloca-se ao local e sai de lá com as mãos a abanar para indiferença dos funcionários.

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  2. Conheço e já lhe fiz um x à porta há muito tempo...afinal no nome avisam logo :)))!
    Bjs
    maria

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  3. É pena que existam lugares assim especiais e com tanto potencial, entregue à gestão de quem, muitas vezes não sabe sequer colocar um sorriso no rosto e cumprimentar um cliente que entra no estabelecimento. Conheço alguns lugares assim, que vão ficando pelo caminho, com muita pena minha.
    Não solicitaste o livro de reclamações?

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    1. É pena que assim seja :(

      Quis preencher mas a minha mulher pediu-me para ir embora e para não perder tempo naquele dia específico com isso. Queria aproveitar o jantar, onde quer que fosse.

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    2. Na minha opiniao devias la voltar e pedir para falar com o gerente, explicar a situaçao tal como a expuseste aqui no blog e em seguida pedir o livro de reclamaçoes!! Era o que faria

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    3. Deveria ter feito na hora. Agora, não penso lá voltar.

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  4. Acredito sempre no dom do perdão...acho que devias enviar este mesmo texto, mas sem o último parágrafo, ao dono do restaurante...com sorte ias ver que ele te oferecia o jantar numa próxima vez...experimenta, não perdes nada!

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    1. Eu também acredito mas nenhum funcionário me pediu desculpa. Só espero que não voltem a fazer isto a outras pessoas.

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  5. Pipocante Azevedo Delirante25 de julho de 2014 às 11:50

    E chamar o gerente/dono/superior, não?
    O Livro de Reclamações existe para isso mesmo. É perder 10 minutos a escrever a folhinha. E depois, nunca mais lá meter os pés.

    De qq modo, é indiferente se o cliente fez 1000Kms ou 10mts, se vai lá comer à pressa ou ter um jantar romântico, todos os clientes, vão lá de fato e gravata ou camisola rota merecem um atendimento digno. O problema é que a restauração tem descurado a sua formação, pois isto de servir à mesa ou ao balcão tem mais do equilibrar bandejas ou decorar pedidos. O que num país que vive do turismo é preocupante.

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    1. Tens toda a razão no que dizes. Não preenchi porque a minha mulher pediu-me para ir embora e não perder tempo neste dia específico. Dei o exemplo dos quilómetros por ser um jantar especial. Outro exemplo, imagina que tinha contratado um músico para aparecer a meio do jantar. Era dinheiro perdido,

      É pena que exista desleixo. Como dizes, e bem, o turismo é muito importante para nós e existem espaços que se desleixam. Tal como existem funcionários que não têm gosto no que fazem e estão a lixar-se para os clientes. É pena que seja assim mas é uma realidade.

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  6. É uma pena que coisas destas aconteçam. Conheço bem o Ponto final, assim como o Atira-te ao rio e tem ambos uma vista privilegiada, óptima para momentos a dois. Mas também já me aconteceu não ser bem atendida e perde-se a vontade de voltar. Espero que a alternativa tenha sido boa!

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    1. Para mim foi mesmo o ponto final. É uma pena que se deixem levar pela localização do espaço. Isso pode não chegar.

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  7. E que tal divulgares o local em que te serviram bem. É que amanhã faço anos e vou almoçar a Cacilhas.
    Bjnhs

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    1. Acabei por ir a Lisboa, ao Pinóquio. Mas, se gostares de Pizza, recomendo-te a Máfia das Pizzas em Cacilhas. As melhores que já comi. Tens também a Cabrinha. Antigamente era muito bom. Não sei se ainda mantém a qualidade pois não vou lá há algum tempo. Ao lado do Ponto Final tens o Atira-te ao Rio. São mesmo colados mas a este nunca fui. Tens também o Amarra ò Tejo. Tem uma vista fantástica. É um pouco mais caro mas vale a pena.

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    2. A Cabrinha tem comida boa - sobretudo os mariscos, mas é cervejaria. Grande, barulhento, com atendimento à antiga ;)
      O Atira-te ao Rio já foi bom e já me aconteceu não gostar tanto. Tal como diz o Homem, o Amarra ao Tejo é muito bom (já há algum tempo que não vou lá) mas mais caro - a vista compensa, é fantástica.

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    3. Desculpem colar-me à conversa! O Ponto final já me desiludiu também pela demora no atendimento. Não gosto de me sentir ignorada... Já no Atira-te ao rio fui bem atendida. Adoro a Máfia das Pizzas e conheci há pouco tempo o Tascá, na mesma rua da Máfia das Pizzas. O serviço demorou, mas foram muito simpáticos e atenciosos.

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    4. Pinóquio não conheço, mas fica na minha lista para a próxima vez que for a Lisboa jantar. A máfia é óptima, mas amanhã tem mesmo que ser num sítio com comida mais tradicional.

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    5. Liliana
      O Pinóquio é na Praça dos Restauradores. Tem muito por onde escolher mas os camarões feitos ao vapor, as ameijoas feitas da mesma forma e o melhor pica pau do mundo são uma delícia. Mas leva a carteira recheada :)

      Sofia
      Tenho de espreitar o Tascá. A Mafia tem as melhores pizzas do mundo.

      Cantinho da Bê
      A vista é muito boa. Jantar ao por do sol é algo divinal.

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  8. Que tenha corrida tudo bem no fim é o que interessa (agora) :|

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  9. Confesso que esse restaurante sempre me ficou no coração...fui lá já 2 vezes (à bastante tempo, confesso) e sempre fui bem atendida...esse atendimento é completamente intolerável ... pelo menos ficaste concerteza bem servido no Pinóquio, e o que interessa foi a comemoraão do dia :)

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    1. Na primeira vez notei que o atendimento tinha falhas básicas mas o resto compensou. Desta vez, foram muito maus. O Pinóquio é o Pinóquio :)

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  10. Muito má experiência, realmente. Ocorre-me apenas uma hipótese para um pormenor que referiste: se calhar na mesa que pediste estiveram uns senhores desde as cinco horas da tarde e as senhoras tinham chegado há poucos minutos, mas tinha sido outro empregado a sentá-las (erradamente) na mesa, e o que te atendeu não se apercebeu disso. É claro que esta hipótese alternativa não justifica de maneira nenhuma a falta do pedido de desculpas e de profissionalismo por parte do empregado.
    Acho que fui uma vez a esse restaurante, há muitos anos, e não tenho qualquer memória sobre a experiência, exceto que fui em (boa) companhia de ex-colegas de escola.

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    1. Eu percebo que possa ter sido um lapso mas ninguém pediu desculpa. Além disso, o pontão tem diversas mesas. Eu tinha pedido a última mas não tinha nenhuma disponível. E isso mostra a atenção que dão às reservas que fazem.

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  11. Mas devias, mesmo saindo do restaurante, pedir o livro de reclamações.
    Beijinho

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    1. Claro que devia. Mas a minha mulher pediu-me para ir embora para aproveitar a noite noutro sítio.

      beijos

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  12. Sabes que em Novembro passado também fui muito mal recebida (por uma senhora, parecia ser a responsável, pelo menos naquele momento), tanto que saímos logo dali.
    Arriscámos o "atira-te ao rio" (há anos que não ia lá, enquanto que no outro, em geral, ia lá uma ou duas vezes por ano) e ficámos rendidos! Atendimento irrepreensível, comida fabulosa, vista igualmente deslumbrante (afinal é mesmo ao lado) e preço bastante em conta.
    Sim, para mim o ponto final também foi um ponto final parágrafo, mas permitiu-me (re)descobrir o atira-te ao rio!

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    1. Obrigado pelo teu testemunho. Irei experimentar de certeza. Obrigado!

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  13. É sem duvida uma pena, um local tão aprazivel e com tão pouca categoria. Tb já lhe fiz uma X ha uns anos, tanto pela " simpatia" dos empregados como pela confecção......agora passo casualmente, mas de fininho, "ao largo"....:-)

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