17.7.14

não quero ser melhor. quero que sejas pior

Hoje escrevi um texto sobre as pessoas que acham que o sucesso dos outros é fácil de reproduzir. Para estas pessoas, nunca existe mérito. Existe tudo e mais alguma coisa. Mérito é que não. E tudo aquilo que existe, do seu ponto de vista, pode ser facilmente imitado e recriado. Só não o fazem porque não têm paciência nem querem. Não porque não saibam ou porque não tenham talento. Simplesmente não querem.

Estas pessoas são as mesmas que, quando vislumbram um carro avaliado em mais de duzentos mil euros a passar por si, dizem imediatamente que o dono do bólide só pode ser traficante de droga. Só isso justifica que tenha uma viatura com que muitos sonham mas que poucos conseguem ter. São as mesmas pessoas que olham para uma mulher com um corpo de sonho ao lado de um homem menos atraente e dizem logo que não passa de uma puta que quer “sacar dinheiro ao gajo”. E são também as mesmas pessoas que quando conhecem uma mulher que é chefe numa qualquer empresa, garantem que se ali chegou é porque teve relações sexuais com quem foi necessário para chegar ao topo.

Para algumas pessoas vivemos numa época de atalhos. As pessoas querem atalhos para tudo e para mais alguma coisa. Não querem esforço nem entrega nem percorrer um caminho longo. Querem atalhos e quanto mais curtos melhor. Por exemplo, querem ser ricos e querem o sucesso dos outros mas não querem ter o trabalho que os outros tiveram para alcançar o sítio onde estão. E como vivem na ânsia de encontrar o atalho que vai mudar as suas vidas com o menor esforço possível, são incapazes de reconhecer mérito nos outros. Depois, quando os atalhos falham e deixam de ser uma hipótese, atinge-se outro patamar.

Que passa por arranjar forma de desvalorizar (e se possível destruir) aquilo que os outros fazem. E as pessoas que se regem pelo que tenho escrito até agora são aquelas que, quando estão num degrau a olhar para outros que estão dez degraus acima, não conseguem pensar numa forma de lá chegar. O objectivo destas pessoas é apenas um. Que passa por encontrar uma forma de fazer com que os outros tropecem e acabem por cair até chegar ao degrau onde estão.

Estas pessoas acreditam que a queda dos outros as irá valorizar. Que irá fazer com que se destaquem. E que sejam melhores O que é falso. Porque vão continuar a ser os frustrados que já eram antes dos tropeções dos outros. E nunca vão sair valorizados das quedas de terceiros. Porque mais depressa os outros voltam a escalar uma dezena de degraus do que estas pessoas sobem um degrau que seja. E é por coisas destas que defendo que a maior crise é de valores. E isso não há troika que a resolva porque não há dinheiro que compre a solução para este problema.

20 comentários:

  1. Pessoas que não vale a pena conhecer, portanto. Pessoas que ficam felizes com o insucesso dos outros, tiram gozo do falhanço alheio e desvalorizam o que de bom os outros conseguem - conheço alguns casos assim. Mas por acaso são pessoas que com o tempo praticamente eliminei da minha vida.
    E muitas vezes penso que tenho muito a agradecer aos meus pais, a Deus, à vida, a quem ou ao que for!, por me ter permitido ser como sou e não amarga como infelizmente vejo pessoas a serem...

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    1. São frustrados e isso dificilmente irá mudar. Mas ainda bem que existem pessoas destas. Ajudam-te a saber o que não fazer.

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  2. Não diria melhor, é a típica "mentalidade de caranguejo".CURIOSIDADES O que é mentalidade de caranguejo? Você sabia que, se puser um grupo de caranguejos numa caixa com a parte de cima aberta, os caranguejos não saem da caixa? Eles poderiam facilmente escalar a caixa e sair. Mas isso não acontece porque a mentalidade de caranguejo não permite. No momento em que um deles começa a subir, os outros o puxam para baixo, e ninguém sai. Todos poderiam sair, mas adivinhe o que acontece no final? Todos morrem. O mesmo vale para as pessoas invejosas. - pindobanoticia.blogspot.com

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    1. Esse exemplo é muito bom. E estas pessoas são caranguejos com a diferença que não agarram ninguém. A única coisa que conseguem é não sair do degrau onde se encontram.

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  3. E as atrocidades que as pessoas escreve nos comentários dos sites dos jornais?

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    1. Acho que isso já leva para a cobardia. Porque 99,9% das pessoas que usam o anonimato para mostrarem que são muito maus e que dizem tudo e mais alguma coisa não têm coragem para dizer o que quer que seja se estiverem pessoalmente com quem criticam. Nesse cenário ainda dão palmadinhas nas costas.

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  4. Muito bem!! Maria Silvestre

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    1. É a minha opinião e faço questão de não me esquecer disto para saber o que não quero ser.

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  5. E, quem fala assim não é gago.

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    1. Fizeste-me recordar os tempos do secundário em que dizíamos isso a um colega nosso que realmente era gago.

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  6. Este tipo de pessoas faz-me sempre lembrar disto: Sabes porque uma caixa de cheia de caranguejos vivos não precisa de tampa? Porque quando um tenta sair os outros sente-lhe o movimento e puxam-no imediatamente para baixo. ...

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    1. E nunca te esqueças disso para que não te deixes agarrar por um deles.

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  7. Bom dia,
    Ai, ai, ai, essa cabeça.
    Retira a publicação do meu email por favor.
    Sandra Machado

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    1. Desculpa. Não o apaguei dos pendentes para ficar com o email. Acabei por publicar por lapso mas já apaguei. Mil desculpas.

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  8. Era capaz de jurar que cuscaste uma conversa minha! Incrível! Podia mesmo ter sido escrito por mim, não discordo em nada mesmo!

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    1. É bom sinal. É sinal de que dá para ter conversas agradáveis contigo :)

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  9. Como já li por ai, e concordo plenamente, como tal não me esqueci mais desta frase: "Seriamos todos tão mais felizes, se ajudássemos nas subidas, em vez de passarmos o tempo a desejar as quedas..."

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  10. Palavras para quê, se estou de aocrod contigo?
    Excelente!
    Beijinho

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