30.7.14

de quem é o cão?!?

Na pastelaria onde tomo o pequeno-almoço diariamente costuma estar um cão à porta. Trata-se de um cão branco, de porte médio/grande, que está por ali para também ele tomar o pequeno-almoço. Deita-se à porta, olha para os clientes e quando a fome aperta ladra umas quantas vezes. É um daqueles cães que, não sendo de ninguém, é de todos. Porque todas as pessoas gostam dele e o tratam bem, dando-lhe comida e mimos.

Num destes dias fiquei sentado perto da porta. E reparei numa senhora, que estava, em pé, dentro do café praticamente ao lado da minha mesa, e que olhava para o cão com um ar muito sério. Até que olhou para mim, notando que eu estava a olhar para o cão e meteu conversa comigo. “De quem é o cão?!? É seu?”, perguntou com uma certa indignação.

“O cão não é meu. Aliás, não é de ninguém”, respondi. “Não é de ninguém? Como assim?”, disparou ainda mais indignada. Naquele momento achei estranho que não percebesse que era um cão vadio, como tantos outros que, infelizmente vivem nas ruas (do mal o menos, este tem a sorte de ser bem tratado pelas pessoas). Até que chegaram dois homens para entrar no café. E que fizeram o que muitos clientes fazem, que é meter-se com o animal.

Quando o cão estava entretido, a mulher apressou-se a sair do café. Afinal, a sua indignação não era mais do que medo. A senhora estava cheia de medo que o cão lhe fizesse algo no momento em que saísse. Mas foi incapaz de pedir a alguém para desviar o cão da porta. A sua esperança, refugiada no medo, era que o cão tivesse um dono para que pudesse, provavelmente, refilar com o dono (e teria a sua razão) pelo facto do animal estar deitado à porta do café, obstruindo a passagem.

Conheço várias pessoas com medo de cães. Quase todas porque em tempos tiveram episódios menos simpáticos com animais. Quando era mais novo fui a casa de uma amiga da minha irmã, que tinha um doberman. “Podes fazer festinhas que não faz mal”, disse a dona. Porém, quando estava prestes a mexer no cão, ia ficando com a minha mão dentro da sua boca. Mesmo assim, nunca ganhei medo. O meu único receio é quando estou a correr com música nos ouvidos. Porque existem pessoas que deixam os animais andar à solta e já fui “perseguido” por alguns, algo que consegue assustar. Curiosamente, nunca fui perseguido por nenhum cão vadio.

16 comentários:

  1. Eu, fui daquelas crianças que apanhou um susto com um cão... E fiquei traumatizado com isso... A melhor forma de ultrapassar o trauma, adoptar dois rafeiros com quem vivo e convivo alegremente.
    Já quando corro, nunca uso auscultadores para estar atento ao meio que me rodeia e por vezes alguns cães vêm meter-se comigo também, o último, foi este Domingo, no meio de "nenhures" entre Melides e Tróia ;)

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    1. Bela solução :)

      Eu uso porque costumo correr num local controlado. O único cuidado é mesmo quando vejo cães muito atentos às minhas pernas :)

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  2. Muito respeito...animais são animais...sejam eles quais forem...até nós humanos temos instintos, então animais...e os medos das pessoas devem ser ultrapassados contudo também devem ser respeitados pelos outros...

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    1. Nenhum medo deve ser obrigado a ser resolvido por outra pessoa. É algo pessoal.

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  3. os caes vadios nao perseguem ninguem, têm medo das pessoas, sao carentes, sedentos por carinho.
    só os caes com dono o fazem, e eu que corro já fui perseguida por alguns :)

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  4. A minha mãe, por exemplo, morre de medo de cães. Só gosta de um, que é nosso bichinho de família e é porque quando nos chegou às mãos, cabia literalmente nas nossas mãos em concha :)

    Entretanto, tinha muito gosto que aceitasses o meu desafio para ti. Como só é preciso escrever e nisso tu tens prazer (e destreza) achei que ias gostar. Olha aqui: http://daspalavras.blogs.sapo.pt/uma-volta-no-carrossel-da-vida-parte-11647

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    1. Conheço mais casos assim :)

      Vou espreitar.

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    2. Até houve uma vez, contam elas, que vinha um cão enorme a correr na direção dela e se escondeu atrás da minha avó (mãe dela) lançando-a ao bicho :D

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  5. Eu quando era miúda fui mordida no "rabiosque" por um cão, porque feita tonta com medo dele desatei a fugir, e o dono pouco se importou de ele ir atrás de mim...não obstante, hoje tenho uma cadelinha! Felizmenet não fiquei com qualquer fobia!

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    1. Fui mordido várias vezes pelo meu mas era eu que me metia com ele e nunca me zanguei.

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  6. Talvez porque os cães vadios são do mais meigo que há... ou isso, ou eu tenho muita sorte com os que encontro (ou então não me fazem nada porque os trato sempre bem, faço sempre festas e não mostro medo). Muitos, sim, parecem é ter medo de nós pessoas (e, diga-se, muitas vezes com razão).

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    1. Por norma são muito meigos. Derretem-se por uma festinha no pelo e tratam bem qualquer pessoa.

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  7. Tenho uma prima que tem pânico de cães. Mas pânico mesmo (tipo o meu com agulhas ahahah), de ficar com suores frios, de atravessar para o outro lado da rua, e coisas assim.
    Eu já apanhei vários sustos. O último há uns 4 ou 5 anos. Não fiquei com fobia, mas também se não conhecer o cão não estou propriamente confortável lol até porque sou mais de gatos do que de cães :P

    Mas há umas semanas, vi um episódio que depois não sei como acabou, espero que não tenha acabado mal. Um cão a perseguir uma mota, com a fúria toda. O gajo a tentar não atropelar o cão, que volta e meia punha-se à frente. Mal abrandava, o cão tentava ferrar-lhe a perna. Depois ficaram fora do meu ângulo de visão, espero que não tenha acabado mal :/

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    1. Nunca percebi o fascínio dos cães pelas motas e rodas dos carros.

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