23.6.14

nunca fica fácil...

Nesta altura do ano o trabalho leva-me para longe de casa. É assim praticamente desde que passei a ser jornalista. Já lá vão quase dez anos disto. São, por norma, quinze dias que passo longe de tudo aquilo que é meu. Longe das pessoas que amo. Longe daqueles que me dão conforto e carinho. Longe dos meus refúgios. É certo que costumo estar com colegas que, mais do que isso, são amigos. Pessoas em quem confio e com quem posso desabafar. Aliás, se assim não fosse, duas semanas pareciam uma eternidade. Mas esta relação de proximidade não ocupa o espaço deixado em branco pela ausência e distância dos meus e do que é meu.

Mesmo fazendo isto há quase dez anos, ainda não aprendi um truque que permita que esta despedida seja fácil. Custa-me beijar a minha mulher e ter de esperar quinze dias para voltar a sentir os seus lábios e toque. Dói-me estar longe dos meus pais, sobretudo da minha mãe, que vai viver um dia muito importante na sua luta enquanto estamos separados por 300 quilómetros. Magoa-me perder as brincadeiras da minha sobrinha e não ter a família por perto. Tal como é difícil perder um aniversário importante e a festa de final de ano da escola da minha sobrinha.

Mas a verdade é que a minha profissão, de acordo com a minha maneira de ser, obriga-me a esquecer tudo isto para que faça o meu trabalho da melhor maneira possível. Não sou uma máquina nem quero funcionar como uma mas, no momento em que deixar que as saudades tomem conta de mim, perco as qualidades necessárias para desempenhar as minhas funções. E isso é algo que não pode acontecer. Por isso, o trabalho passa a ser o meu refúgio durante as próximas duas semanas. Quando estou sozinho no quarto, a conversa é outra.

Até já Algarve. Até já Albufeira.

27 comentários:

  1. Tens sorte que são "apenas" 15 dias, há quem esteja fora meses ou vá e venha de vez em quando. Custa muito, é verdade, mas quando a vontade de voltar é grande o tempo passa rápido :)

    Bom trabalho.

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    1. São apenas quinze dias mas com muitas horas a trabalhar. As saudades são sempre muitas.

      Obrigado

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  2. eu entendo as saudades!mas 2 semanas passam rápido!
    imagina o pessoal que teve que ir para angola e para outros países de africa, por exemplo, não se metem cá nem de carro, nem de comboio...o avião é carissimo...falo assim pq o meu namorado está lá em africa, guiné, no meio do mato a construir ainda os estaleiros para depois receberem mais pessoas...a vida não é fácil, mas ha umas piores que outras!
    não desanimes, pensa na vantagem que é teres telemóvel com rede, internet a funcionar, comida normal e transporte rápido...boa sorte!

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    1. Eu nem me atrevo a comparar a quem é obrigado a estar separado muito mais tempo. Mas já estou de volta :)

      Obrigado

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  3. Ai, a vida!
    Não sei comentar mais nada.
    Beijinho

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  4. Nunca é fácil ficar longe daqueles que amamos :)

    Sei bem o que custa, só de ficar uns diazinhos sem a minha pequenotas custa-me tanto, nem consigo imaginar assim tanto tempo! :/

    Que corra tudo bem!
    Com um bocadinho de jeito ainda nos cruzamos por essas bandas ;)

    Beijinhos
    Z.

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    1. Parece-me que não (ainda vou e tu já voltaste...)... é pena, teria muito gosto em conhecer-te pessoalmente! :)

      Beijinhos
      Z.

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    2. Irás ter essa oportunidade :)

      beijos

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  5. Custa muito... tanto para quem vai como para quem fica! Deixarmos as pessoas que amamos sobretudo quando sentimos que precisam de nós... Mas a vida é mesmo assim. E o melhor de tudo vai ser o regresso. Voltar aos teus!
    Boa viagem e aproveita para trabalhar para o bronze e uns valentes mergulhos! :)

    E bom S. João...

    Beijnhos

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    1. Este ano custou muito mais por causa da minha mãe. E os primeiros dias foram muito difíceis. Mas correu tudo bem :)

      beijos

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  6. Saudade, é algo com que tenho de lidar desde o dia 30 de dezembro de 1995, dia em que cheguei a Portugal e deixei os meus pais e os meus irmãos em França. Foi uma opção minha, constitui a minha família cá entretanto. Mas entendo-te porque apesar de só ver os meus três vezes por ano há quase 19 anos, não me habituo às despedidas, pelo contrário, cada vez custa mais, os meus pais envelhecem e nunca sei se pode acontecer alguma coisa e se esta é a última despedida. Dói, mas temos realmente que ser um pouco "frios", porque se nos deixamos vencer pelas saudades, não trabalhamos como deve ser, não cuidamos dos que estão perto como deve ser. Coragem...e pensa que daqui a 15 dias matas todas as saudades.

    http://thelusofrenchie.blogspot.pt

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    1. Dói muito por mais avanços tecnológicos que encurtem as distâncias mas que nunca substituem o toque,

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  7. À semelhança do que acontece com os professores e com o ensino (para se ser professor é preciso ser um bocado louco hoje em dia, falo por mim), acredito que para se exercer jornalismo é necessária uma boa dose de paixão pela atividade. Diz que já anda com a "mala às costas" há dez anos, o que revela que o seu encanto pela profissão ainda não esmoreceu. Se por um lado, é verdade que para ser feliz na sua profissão é importante ficar perto dos que mais gosta ( e isso seria, o desejável) mas já deve ter percebido que o contrário também se verifica: para ser feliz junto dos que mais gosta é necessário estar realizado. E isso passa pela profissão. Quero com isto dizer, que o equilíbrio nem sempre é fácil, mas desejo que o consiga alcançar.
    http://opiniana.blogspot.pt/

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    1. Ando com as malas às costas nestas (e noutras) alturas mas trabalho sempre para o mesmo patrão. Nesta altura, existe muito trabalho no Sul e eu e os meus colegas temos de passar tempo lá. É algo que tem de ser feito. Mas, com muitas saudades, faço o trabalho com todo o gosto. Só assim o consigo fazer.

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  8. Tudo parece mais fácil, quando realmente se gosta do que se faz!
    Acabei agora o secundário e gostava muito de seguir jornalismo. O problema é que todos me dizem que é um curso sem futuro... Enquanto jornalista, muito bom por sinal, gostava que me desses a tua opinião sobre esta profissão que tanto admiro.

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    1. Se é mesmo o que queres, deves seguir. Se tens uma grande paixão, isso vai ser bom para ti. Se fores ver as coisas de uma forma ponderada, percebes que todos os mercados estão complicados. Mas, existe sempre lugar para os bons e para os persistentes. Acredito nisso. É verdade que tens de te mentalizar que não será fácil. Mas pareces ter um encanto que poderá ser muito bom para ti em relação a esta área.

      Boa sorte!

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  9. Passa num instante. E um abraço para a tua mãe.

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  10. Sei o que isso é desde finais de 2007... Mas no meu caso não são apenas 2 semanas anuais, é mesmo uma situação permanente.
    Um grande abraço e força aí, 2 semanas passam rápido

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