14.5.14

fazem-me lembrar o meu vizinho

Em tempos tive um vizinho que era conhecido como o maluco. O homem morava num prédio perto da praceta onde vivi durante a maior parte da minha vida. Aliás, dos bancos da minha rua, na zona onde costumava brincar, dava para ver perfeitamente a varanda do maluco. Chamo-lhe maluco porque era assim que era conhecido. Se bem me recordo, nunca o vi na rua. Só o via na varanda da sua casa.

E recordo-me de que o via na varanda apenas por uma razão. Porque praticamente todos os dias, este homem ia para a varanda fazer a mesma coisa: gritar. Ninguém percebia o que dizia. Nem com quem refilava. O homem simplesmente chegava à varanda e começava aos gritos. O que fazia com que tivesse a atenção das pessoas. Era impossível não olhar para ele, tal era o volume da sua voz. Mas, dois minutos depois, a normalidade estava de volta. E cada um ia à sua vida.

Nos dias que correm, estou frequentemente a encontrar pessoas que me fazem lembrar este vizinho. São aquelas pessoas que vão para as suas “varandas” para “gritar”. Tal como ele, chegam, gritam e ninguém percebe o que dizem. Tal como ele, têm atenção. Tal como acontecia com ele, essa atenção dura dois minutos. E tal como naquela altura, passados dois minutos todos prosseguem as suas vidas e rapidamente esquecem o maluco dos gritos.

10 comentários:

  1. Sem dúvida que há muitas pessoas assim, como o "teu maluco". Mas verdade que por vezes é um descarregar muito útil.

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    1. Descarregar é útil. Mas há quem grite porque só consegue ter atenção assim.

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  2. Também me cruzo com pessoas assim constantemente! :)

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  3. Quando me cruzo com pessoas assim a minha cabeça começa a produzir mil e quinhentas questões. "De onde vieram ? Porque é que são como são? O que aconteceu? Porque é que ninguém faz nada? Será que se pode fazer alguma coisa?

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    1. Existem pessoas que merecem essas perguntas e todas as que te possam ocorrer. Existem outras que merecem que nem sequer olhes para elas.

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  4. Yep! Infelizmente o que mais se ve por aí são malucos.

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    1. E os que se fingem de malucos? E os malucos num sítio e armados em espertos e sábios noutro? E ficava o dia todo nisto...

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  5. Aos malucos diz-se sempre que sim e não importa mais nada... é seguir andando sem dar grande importância.

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