16.4.14

importa ser o primeiro?

Não consigo evitar rir quando ouço algumas conversas em torno da novidade e da suposta pureza associada a essa novidade. Como por exemplo aquelas pessoas que começam a colocar as mais diferentes hipóteses sobre pessoas de quem gostam e que, em muitos casos, já tiveram uma relação com alguém que conhecem. “Sei lá o que fizeram”, “sei lá onde é que aquela boca já andou” e “nem quero imaginar as coisas que aconteciam” são apenas alguns exemplos.

Como considero a coisa mais natural do mundo existir um passado sentimental ou sexual numa pessoa adulta, não ligo muito a ponderações desse género nem perco muito tempo com elas. Até porque, se o fizesse, teria de aceitar que os outros também o fizessem em relação a mim pois também tenho o meu passado. Como qualquer pessoa terá o seu.

Por outro lado, nunca partilhei casa com essa febre de ser o primeiro do que quer que seja. Porque, simplesmente, sou sempre o primeiro em tudo o que faço. Existe um passado, seja em que área for, mas esse período de tempo não me interessa para nada. Porque a história começa a partir do momento em que entro nela. O que faz com que seja, automaticamente, o primeiro. A história começa em mim. Simples.

Como tal, nunca quis saber se era o primeiro namorado de alguém, se isto ou aquilo. Nem faço bandeira da novidade. Por exemplo, prefiro um carro usado a um carro novo, que considero um mau investimento financeiro pois, a partir do momento em que uma roda saiu do stand já perdi dinheiro. Que é praticamente impossível de recuperar. Tal como não me incomoda viver numa casa que não é nova. Porque, para mim, é nova a partir do momento em que lá estou. E, ao contrário do carro, já é algo que consigo valorizar.

Mas, existem pessoas que perdem muito tempo a pensar nisto e naquilo. Gostam de navegar num mar de suposições. Se assim fosse, não metia um pé fora de casa. Por exemplo, chegava a um hotel e começava a pensar quantas pessoas já teriam feito sexo em cima daqueles lençóis. Aplicava a mesma dúvida ao duche ou banheira do hotel. E o que será que já tinha acontecido no carro semi-novo que acabei de comprar? E na casa que quero arrendar? E por aí fora. São pensamentos que dispenso e que nunca me levam a certezas. Servem apenas para alimentar dúvidas e uma curiosidade que nunca será saciada.


Dizem que uma imagem vale mais do que mil palavras. Nesse sentido, esta montagem diz tudo. Podia ser um anúncio perfeito e tornou-se viral mas não passa de uma montagem com uma fotografia da playmate Rosanne Jongenelen. A Aston Martin até achou piada à montagem, que considerou sexy, mas desmentiu que fosse uma aposta publicitária da marca. Mesmo assim, acho que resulta muito bem e espelha na perfeição a suposta necessidade de ser o primeiro. “You know you´re not the first, but do you really care?” E a questão é mesmo essa: importa ser o primeiro?

19 comentários:

  1. Para mim não importa. Partilho da tua opinião.

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  2. Ser o primeiro só importa quando estamos mesmo aflitos e há fila para a casa de banho. O resto é de malta com egos frágeis.

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  3. Não importa ser o primeiro, importa é ficar!

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  4. O primeiro não importa, o que importa é o último :)

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  5. "a partir do momento em que uma roda saiu do stand já perdi dinheiro"
    Não consigo estar mais de acordo contigo, dá cá mais cinco!

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  6. Concordo totalmente. Somos os primeiros a partir do momento em que entramos na história... que no fundo não é entrar, mas é começar uma. Não consigo (nem faço questão de) evitar pensar no passado que possa existir nas pessoas, ou nos carros, ou nas camas ou nos chuveiros, mas isso também não me afecta negativamente. Pelo contrário, no caso das pessoas, partilhar histórias do passado/passadas até pode ser uma experiência positiva e demonstração de entrega e confiança. Quanto a quem já fez sexo na minha actual cama... por acaso até sei, mas prefiro não pensar no assunto :P

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    1. Partilho da tua maneira de pensar. E realmente existem coisas sobre as quais o melhor é mesmo não pensar ;p

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  7. Porque continuar a comparar mulheres a bens materiais é muito correto. Nada contra o texto, mas essa imagem é desprezível.

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    1. O teu comentário revela dois detalhes que destaco. Não leste o texto nem tens por hábito ler o blogue. Falas em continuidade de algo que nunca aconteceu pois não comparo pessoas (homens ou mulheres) a bens materiais. Nem neste texto nem nos restantes.

      Falo em ser o primeiro. E podemos ser os primeiros em muitas coisas. Há quem viva para essa bandeira, a bandeira do primeiro do que quer que seja. Eu não.

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    2. A leitura do meu comentário claramente não foi compreendida. Disse que contra o texto nada tenho, mas a escolha da imagem foi terrível. O problema está na imagem.

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    3. A ideia que captei foi outra e peço desculpa por isso. A imagem é uma montagem. Não é um anúncio real. Mas, do meu ponto de vista, a mulher não é comparada com um objecto. Apenas o conceito de ser o primeiro. Compreendo que para algumas pessoas seja ofensivo mas não o considero.

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  8. Não importa ser o primeiro nem sequer o último, importa ser inesquecível!

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