16.4.14

a moda dos blogues

Os blogues estão na moda. Desde que tenho o meu nunca tinha acontecido (pelo menos que tenha notado) um aparecimento tão grande de blogues. E não me estou a referir a blogues anónimos, como é o caso do meu e de milhares de outros espaços semelhantes. Refiro-me aos blogues criados por figuras públicas. Tal como um par de sapatos, a moda desta estação são os blogues “escritos” (as aspas não são inocentes) por pessoas que conhecemos (ou não) devido ao que fazem nas suas carreiras.

Nada tenho contra o aparecimento de blogues famosos. Como em tudo na vida, quanto mais melhor. Se existem mais, a oferta é maior. Quem gosta de ler ou simplesmente ver, tem um maior leque de opções por onde escolher. E isto melhora sempre a qualidade dos produtos. Acontece nos blogues, como acontece em qualquer área onde exista uma diversidade na oferta.

Acho que não são necessários rodeios nem meios caminhos. Por isso, não há mal nenhum em dizer que para alguns destes famosos, o blogue não é mais do que uma fonte de rendimento extra. O, que por si só, não me choca nem incomoda. É um negócio como outro qualquer. É o aproveitamento de um nome e de uma imagem. As regras existem. E só entra no jogo quem quer. A minha crítica é completamente diferente.

A única coisa que condeno é que se criem blogues onde nada se faz, excepto dar o nome. Ou seja, cria-se um blogue. Promove-se esse mesmo blogue. Fala-se de um projecto antigo que é um sonho tornado realidade, entre muitas outras coisas. Quando, na realidade, apenas se dá o nome ao blogue. Não se escreve nem se participa na actividade do blogue. Dá-se apenas o nome e delegam-se funções a outras pessoas, que acabam por ser a verdadeira “alma” do blogue.

E isso é algo que me custa a compreender. É a mesma coisa que eu ter um Ferrari. O mais caro do mundo. Vermelho, lindo. Mas, na realidade, nunca o conduzi. Não sei o que é estar sentado dentro dele. Não sei qual é o som do motor. Não sei como reage quando se acelera nem como se comporta nas curvas. Não sei nada. Sei apenas que é meu. Por mais que diga a outras pessoas para conduzirem, por mais que lhes dê dicas sobre o tipo de condução de que gosto, não sei o significado de acelerar com ele numa estrada. Sei apenas que é meu, porque o meu nome está no certificado de matrícula.

Cada qual sabe de si, mas não me imagino a ter um Ferrari apenas para dizer que o tenho e para ganhar alguns “trocos” com o uso do meu carro, que nunca conduzi. Tal como não me imagino a ter um blogue onde os textos não sejam meus. Onde o processo inerente ao funcionamento de um blogue não passe por mim. E o engraçado é que as próprias figuras públicas que criam blogues já se queixam de outras figuras públicas que criam blogues sem participarem neles.

É certo que um negócio será sempre um negócio. Mas a paixão, o empenho e o toque pessoal é que fazem a diferença. São estas características (na companhia de mais algumas) que tornam diferente aquilo que parece ser uma coisa igual a milhões de outras criadas anteriormente. Quando se ignora a paixão, o empenho e o toque pessoal, o resultado é uma coisa igual a tantas outras. E que ajuda a que as pessoas olhem para tudo da mesma forma, nivelando a qualidade por baixo.

18 comentários:

  1. Quando há dois meses decidi fazer um blogue de receitas não sabia no que me estava a meter! É que isto de publicar pratos quase diariamente dá trabalho, muito. Mas, que tem sido uma experiencia excelente tem.
    Agora ter um blogue só para ter, não publicar, não escrever nem partilhar, parece-me uma falta de consideração por quem lê.

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    1. Um blogue dá muito trabalho. É um facto. A não ser que se trate de algo alimentado ocasionalmente. É falta de consideração mas há quem o faça.

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  2. Um blog sem toque pessoal, sem paixão, é um não-blogue...

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  3. como compreendo tenho o mesmo desde 2007 na altura era meia duzia de gatos pintados hoje em dia não , hoje so os melhores vencem

    annydajuba.blogspot.pt

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    1. É pena que certos tratamentos desvirtuem a beleza de algo. Mas será sempre assim.

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  4. Não sou a melhor pessoa para fazer algum juízo sobre o que falas neste post. Também digo-te uma coisa já nem me lembro como vim aqui parar. Alguma coisa mexeu comigo para ficar, adicionei-te aos meus favoritos e olha que sou bem exigente. Prefiro o que é genuíno e verdadeiro. Detesto o facebook porque não tenho tempo para o filtrar e como tal dá-me cabo dos nervos.
    A semana passada no teu aniversário do blogue deu por mim a pensar, só, bolas já leio este blogue à já um bom tempo e só tem dois anos. Olha diverte-me. Tem vida. É honesto. Tem interesse. Muita partilha da tua parte. Lembras-te e dás a lembrar. A tua curiosidade é um carrocel... Mas a verdade é um facto, tudo que não tem conteúdo, mais cedo ou mais tarde, passa à margem.
    A mim passa-me completamente.

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    1. Fico muito feliz pelo que dizes. E concordo contigo. Aquilo que não tem conteúdo acaba por desaparecer com o tempo.

      Muito obrigado pelas tuas palavras.

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  5. Eu tenho um sonho antigo, que é ter um bordel... e pronto. Era isto! Se alguém quiser agarrar o projecto....

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    1. Diz que é um negócio complicado. Só para pessoas sem qualquer tipo de sentimentos.

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    2. Eu seria a patroa...........................................................

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    3. Conheço uma pessoa que conhece quem se tenha metido num negócio do género. E a única solução é a pessoa ser fria e desligar-se das histórias das mulheres que ali estão. Se existe pena ou algo do género, o negócio passa para segundo plano. Foi isso que me foi dito na altura. Percebes?

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  6. Eu pensava que os famosos apostavam, somente, nos sites e no FB...

    Eu tenho blog desde 2007 (primeiro no blog.com e depois no blogspot.pt), não sou famosa nem quero ser [ao contrário da letra da famosa canção dos Fúria do Açúcar, eu NÃO sou patrocinada por uma bebida qualquer!], pois gosto muito da minha privacidade. A razão pela qual criei um blog foi porque considero uma alternativa mais ampla e mais barata às consultas de psicanálise! :-)

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    1. Os famosos estão a apostar cada vez mais nos blogues. E estão mais uns quantos a chegar...

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  7. Mas como é que se pode saber se é a pessoa (famosa, pois um blogue anónimo não dá dinheiro) que dá o nome ao blogue que escreve (ou não) nele?

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    1. Se leres com atenção e conheceres a pessoa, chegas lá facilmente. Mas existem famosos que já se queixam dos outros...

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  8. Subscrevo inteiramente. E este tipo de coisas desvirtua por completo o conceito de blog, a meu ver...

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