6.3.14

desistir não é opção

Acredito que qualquer pessoa, sobretudo (mas não só) enquanto está a caminhar para a idade adulta, é obrigada a enfrentar determinadas situações. Onde tudo é posto à prova. Onde as pessoas duvidam das suas capacidades. Não tens jeito para isto. Não tens talento para aquilo. Nunca serás ninguém. Não tens capacidade para concluir o ensino superior. Não irás conseguir o emprego com que tanto sonhas. E nunca terás a carreira que achas que vais ter.

Estas são as vozes da multidão. Onde ecoam, bem alto, os “nãos” e os “nuncas” sendo que aqui e ali, numa esmagadora minoria, aparece alguém que nos dá força. Que nos diz que somos capazes. São aquelas pessoas que acreditam em nós, muitas vezes, até mais do que nós acreditamos em nós mesmos. Mas, a verdade é que são uma minoria. Ouve-se muito mais o “não és capaz” do que o “tu consegues.” Sendo que filtrar aquilo que se ouve é um tema diferente do que me leva a escrever.

O que pretendo dizer é que esta multidão que grita constantemente “não és capaz” leva a que muitas pessoas desistam daquilo que querem. Faz com que coloquem numa gaveta, que nunca mais vão abrir, os seus planos. Apesar de terem talento para os executarem. Vivem no meios de tantos “nãos” que os aceitam facilmente. Acreditam neles e chegam a dar razão às pessoas que os dizem.

Como disse, acho que qualquer pessoa passou por isto. Eu passei. Tive professores que só davam atenção aos alunos “inteligentes” dando a entender que os outros pobres coitados (onde me incluo) nem sequer acabavam o secundário. Tive épocas, quando comecei a jogar futebol, em que saltava de posição em posição, criando em mim a ideia de que não servia para nenhuma. Existiam pessoas que duvidavam de que seria capaz de trabalhar na minha área. E por aí fora, só para dar alguns exemplos.

A verdade é que acabei o secundário. Podia ter sido melhor aluno, é um facto, mas acabei. Licenciei-me sem perder tempo com cadeiras em atraso e tendo apenas de fazer cerca de dois/três exames enquanto trabalhava. Arranjei logo emprego na área. No futebol, acabei por me destacar numa posição. Joguei no campeonato nacional, fui campeão distrital, fui eleito o melhor em campo, num jogo contra craques de outro patamar e fui cobiçado por alguns clubes. É verdade que queria mais. Mas consegui muito mais do que muitos acreditavam.

Seria fácil desinteressar-me dos estudos e procurar um emprego ainda no secundário. Seria fácil esquecer a faculdade e dedicar-me a um qualquer emprego que pagasse os meus gastos. Seria fácil procurar emprego numa área diferente da minha. Tal como seria fácil desistir do futebol quando um clube não me quis ou quando joguei, numa época, em oito das onze possíveis posições no futebol. É verdade que seria fácil mas nunca deixei que alguém tivesse o poder de me fazer desistir do que quer que seja. Só eu é que sei se consigo ou não. Essa análise é minha e nunca será influenciada por pessoas que assim que abrem a boca dizem não e nunca.

É o meu exemplo. E de nada vale. Estou a conta-lo porque é o meu blogue e faz sentido que assim seja. Mas, quem está a pensar desistir, dê uma vista de olhos neste link e perceba que não vale mesmo a pena desistir. Ali estão os verdadeiros exemplos que de um não não passa de um não. E que, quando existe talento e determinação, irá haver sempre um sim à espera. E que será muito mais valioso do que todos os nãos que se ouviram.

23 comentários:

  1. Sim é assim que são geralmente as pessoas e quem ouve deve tentar ser resiliente,porque os nãos têm de funcionar como pontapés de saída.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Os nãos são em maior número. Toda a gente tem de lidar com isso mas da melhor forma.

      Eliminar
  2. Não se consegue as coisas de mão beijada. É preciso lutar por aquilo que acreditamos e não prestar atenção a essas pessoas!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Tens razão. É preciso lutar e ouvir com atenção aquilo que se diz.

      Eliminar
  3. "Não tens jeito para isto. Não tens talento para aquilo. Nunca serás ninguém. Não irás conseguir o emprego com que tanto sonhas. E nunca terás a carreira que achas que vais ter."
    E quando é a nossa própria cabeça que nos diz isto constantemente? O desemprego de longa duração (como acontece no meu caso) dá cabo da auto-estima de qualquer pessoa. A cada currículo sem resposta ou a cada entrevista que não dá em nada, é mais um bocadinho que nos afundamos. Quando vamos à entrevista seguinte, já estamos um bocadinho mais em baixo, negativistas e os empregadores notam na personalidade murcha e desanimada. E não nos contratam, e lá descemos mais um bocadinho. É um círculo vicioso. E cada vez nos esquecemos mais de quem somos, do que somos capazes e lá vem o cérebro dizer que nunca vamos conseguir, nunca vamos ser ninguém. O que fazer para não desistir quando parece que só existe um único caminho sombrio sem retorno?

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Compreendo o que dizes. Já passei pela fase de entrevistas sem que o telefone tocasse. O conselho que te dou é que te reinventes. Ou seja, que encontres em ti a melhor forma de te destacares dos restantes candidatos a um emprego.

      E não te deixes abater. Ocupa o tempo que tens com cursos gratuitos ou algo do género. Se deixas que o desânimo te controle, isso será notado numa entrevista e as hipóteses de seres colocada de parte.

      Muita força para ti!

      Eliminar
  4. Muito bom. Uma determinação forte.
    Nem sempre os alunos brilhantes são os que têm mais sucesso na vida profissional.
    Há 30 anos atrás, fui humilhada por uma professora que achava que eu devia desistir do curso (eu fui estudante trabalhadora). Pensei desistir. Mas desisti de desistir.
    Formei-me mais tarde que os meus colegas de faculdade.
    Mas fui a tempo, consegui, venci uma grande batalha.
    Um link muito interessante.
    Parabéns.


    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Existem pessoas que adoram humilhar os outros. Sentem-se superiores quando na realidade não o são. O melhor remédio é ignorar essas pessoas.

      Obrigado.

      Eliminar
  5. Como pôr os olhos cheios de água às 2h da manhã... Obrigada pelo exemplo. Mas há dias muito difíceis, mesmo...
    Obrigada

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. E é nesses dias que tens de acreditar mais na tua força e naquilo que te irá fazer vencer.

      Obrigado eu!

      Eliminar
  6. Esta é a grande vantagem dos teimosos... onde desistir nunca é uma opção!!;) ahaha Mas sim, é verdade tudo o que dizes! ;) Tento sempre ao máximo lutar no que acredito, mas nem sempre é fácil deixar de ouvir por completo os "não vais conseguir" que sempre gostam de ecoar no nosso pensamento, junto com os nossos receios!:)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Neste caso, todos devem ser teimosos. Lutar e acreditar no próprio valor :)

      Eliminar
  7. O meu presente, mais que nunca, baseia-se nessa frase. E quando não existe outra opção será mais fácil? Vamos ver...

    Um abraço

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Tem de existir outra opção. Espero que a encontres.

      Abraço

      Eliminar
  8. Desistir dos sonhos nunca, mas a vida é real, as dívidas são reais, o dinheiro para comprar comida é real. (In)felizmente o meu maior sonho não me põe comida na mesa e dentro desse sonho a parte que pode por-me comida na mesa, precisa de investimento monetário o qual não há... Portanto, digamos que fica adiado por mais algum tempo, mas nunca desistirei dele!
    E sim, os nãos desta vida são sempre mais e com maior expressão do que os sins ou as palavras de incentivo... Por isso é que sempre que algum amigo diz que gostava de fazer alguma coisa eu digo "força" porque também é uma forma de me ouvir a mim mesma a incentivar alguém com um sonho. :)

    ResponderEliminar
  9. Obrigada pelo seu testemunho! Para mim foi reconfortante ler este belo post.
    Também eu, durante o meu percurso académico, ouvi muitas e muitas vezes "tu não és capaz, não vais conseguir!". E quando esses vozes são as "dos nossos", as pessoas que supostamente nos conhecem e querem bem, fica muito difícil não acreditar no que dizem. Acreditei durante muitos anos sendo que o momento alto se registou durante o período universitário. Coloquei diversas vezes a hipótese de desistir mas entre quedas e trambolhões consegui concluir o curso. Foi uma enorme satisfação: consegui! Foi o provar a mim mesma que era capaz.
    Atualmente, encontro-me desempregada e, claro que, não é fácil espantar fantasmas como "tu não és capaz, não serves para nada" ou "tu nunca vais conseguir alcançar os teus objetivos, os teus sonhos". É uma pequena batalha diária, a qual eu e tantas outras pessoas travamos. Para mim, o importante é saber que dou o meu melhor, dia após dia, na construção da tão desejada carreira profissional. Por exemplo, neste momento estou a frequentar algumas formações que servem, principalmente, para colmatar a minha vontade de aprender mais e mais. Quero acreditar que, mais cedo ou mais tarde, irei recolher os frutos e que estes serão muito saborosos.

    Abraço,
    Diana Pereira

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Sei que vives um momento complicado. Qualquer desempregado vive. Mas é agora que tens de mostrar toda a tua força e aquilo que de melhor existe em ti. Força!

      beijos

      Eliminar
  10. Obrigada pelo seu testemunho! Para mim foi reconfortante ler este belo post.
    Também eu, durante o meu percurso académico, ouvi muitas e muitas vezes "tu não és capaz, não vais conseguir!". E quando esses vozes são as "dos nossos", as pessoas que supostamente nos conhecem e querem bem, fica muito difícil não acreditar no que dizem. Acreditei durante muitos anos sendo que o momento alto se registou durante o período universitário. Coloquei diversas vezes a hipótese de desistir mas entre quedas e trambolhões consegui concluir o curso. Foi uma enorme satisfação: consegui! Foi o provar a mim mesma que era capaz.
    Atualmente, encontro-me desempregada e, claro que, não é fácil espantar fantasmas como "tu não és capaz, não serves para nada" ou "tu nunca vais conseguir alcançar os teus objetivos, os teus sonhos". É uma pequena batalha diária, a qual eu e tantas outras pessoas travamos. Para mim, o importante é saber que dou o meu melhor, dia após dia, na construção da tão desejada carreira profissional. Por exemplo, neste momento estou a frequentar algumas formações que servem, principalmente, para colmatar a minha vontade de aprender mais e mais. Quero acreditar que, mais cedo ou mais tarde, irei recolher os frutos e que estes serão muito saborosos.

    Abraço,
    Diana Pereira

    ResponderEliminar