15.5.13

agora escrevo eu #13


Depois do rebuliço da semana passada, está de regresso a rubrica que me leva a conhecer ainda melhor histórias e vivências das pessoas que passam por aqui. O tema deste texto será, acredito eu, comum a qualquer pessoa que o leia. Porque, infelizmente, este tipo de amizades começam a ser regra geral quando deveriam ser uma excepção. Nos dias que correm, as amizades são como fraldas descartáveis. Que se usam enquanto servem para cobrir e proteger algo e que, ao primeiro sinal de sujidade vão para o lixo, sendo trocadas por uma nova. Que por sua vez irá ser, posteriormente, trocada por outra. E assim sucessivamente num processo sem fim.

“No dia do teu aniversário não me esqueci de ti. Enviei-te a mensagem, como envio a alguém com quem já não falo há algum tempo, sem palavras calorosas, como era meu hábito. Mais um ano sem perceber o motivo deste nosso afastamento. Esta carta que te escrevo, sentada na minha casa, onde apenas vieste uma vez, é só para te dizer que eu gosto de ti, que tenho saudades tuas.

Gostava de saber o ponto certo onde as nossas vidas se separaram. Onde a nossa amizade deixou de fazer sentido. Olho para trás e não o vejo. Mas gostava. Gostava de perceber. Tu dirás, certamente, que a culpa é minha. É nossa, digo-te eu. Eu não tive a coragem de te procurar mas tu também não, talvez porque eu te lembre um passado que tu queiras esquecer. Tenho pena que os nossos sonhos de adolescentes e juras de amizade tenham sido em vão, tenho mesmo pena.

Eu estou tranquila, sei que tentei lutar por ti, por nós, mas talvez não tenha sido o suficiente, para ti. Estavas habituada a que fosse sempre eu a lutar por ti, com todas as minhas forças, desta vez terias também de colaborar... Chego apenas a uma conclusão, tu não eras minha amiga, eu é que era tua, eu é que precisava de ti, e quando aprendi a viver sem ti, tudo fez sentido. Tenho apenas uma certeza, estou tranquila e fiz tudo o que podia.”

22 comentários:

  1. Não fui, mas podia ter sido eu a escrever isto. O que me arrepia é que ainda ontem à noite a minha mais velhinha me perguntou: "Oh mãe, mas porque é que não perguntas à J o que é que se passou? Porque se afastou de ti? Eram tão amigas, se fosse comigo eu ia querer saber!"
    "Ó filhota, eu não tenho nada que perguntar, disseste bem, ela afastou-se, porque quis, eu estou de consciência tranquila, quando e se quiser, ela saberá voltar." Quando era novinha e insegura o que eu mais prezava era um "amigo" conquistado, por quem eu faria o pino se fosse preciso, para o manter. A vida ensinou-me que Às vezes nos entregamos às pessoas erradas e o afastamento permite-nos ver com clareza distinguindo o trigo do joio. Hoje já não me dou por inteiro, assim a desilusão é menos dolorosa. Uma certeza tenho, nas contas do deve e do haver da amizade...eu fico sempre a haver, mas hoje aceito tranquila essa realidade.

    "Que se usam enquanto servem para cobrir e proteger algo e que, ao primeiro sinal de sujidade vão para o lixo, sendo trocadas por uma nova." Já tinha idade para ter juízo, mas continuo a ser apanhada nestas malhas...
    God Damn it!!!!

    jinhosssss

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    1. Acho que todas as pessoas podiam ter escrito este texto. Ainda bem que as tuas filhas estão preparadas para o que aí vem. Porque este tipo de amigos multiplicam-se à velocidade da luz.

      Não penses que tu é que estás mal por acreditar nas pessoas. Será apenas um pouco ingénua. Tal como eu. Mas continua a valer a pena.

      beijos

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  2. Eu tenho 37 anos e tenho uma amizade que começou numa ama, ainda antes da escola prímária. Nem sempre temos possibilidade de estarmos juntas, mas contamos sempre uma com a outra, irmã de coração, Amo-te Sempre!! Não trocaria isto por nada. Beijinhos e bom dia, obrigado pela partilha:)

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    1. Tenho alguns amigos desse tempo mas a relação não é tão forte como a tua. Mas é sempre uma alegria quando nos vemos.

      És uma sortuda :)

      beijos

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  3. Pois.... também me revejo nesta história...

    Beijinhos!

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  4. Verdade, todos temos uma história destas na nossa gaveta.

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  5. Infelizmente todos nós temos estorias deste genero :/

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  6. Tenho pouquíssimos amigos. As pessoas afastam-se, com o passar do tempo, por vezes deixam de se identificar. Tornam-se exigentes, controladoras. Julgam-te. E a amizade não pode nunca ser uma prisão.

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    1. Eu já me dava por feliz que pensassem apenas que é uma prisão. Agora, quando se perdem valores. Quando se é falso. Quando se mente com quantos dentes se tem na boca é algo muito feio.

      Mas compreendo o que queres dizer.

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  7. Eu também tenho uma história assim... :) Custa muito.
    Gostei muito mesmo :)

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    1. Custa mas quanto mais depressa acabar melhor senão continuas a ser usada.

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  8. Infelizmente também histórias destas para contar, é triste perder bons amigos...

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    1. Se perdeste é porque não eram bons. Esses, nunca se perdem.

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  9. e estas histórias fazem cada vez mais sentido, vive-se num egoísmo,as pessoas usam-se mais do que objectos, deixa-me triste :/

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    1. A mim deixa-me triste saber que partilhei a minha vida com pessoas que só quiseram sacar-me informação para oferecer a outros e para manipularem informações.

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  10. Quem nunca passou por isto que levante a mão.
    A Suricate explicou muito bem.
    MS

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  11. ás vezes o afastamento não acontece por mal.... as pessoas vão mudando e as vidas também e de repente os timings e até os próprios interesses não são os mesmos. eu por mim falo, que já tive pessoas de quem fui muito amiga e entretanto, com o passar do tempo, fomo-nos afastando e agora temos apenas uma relação de cordialidade.

    agora fazer amizades com um propósito em específico, à espera de ganhar alguma coisa e depois chutar para canto quando já se atingiu o objectivo já não me parece bem. penso até que talvez se as pessoas fossem sinceras de início, poderiam ter na mesma a nossa ajuda sem o jogo sujo e a mentira. poupava-se com certeza muito tempo e desilusões.

    infelizmente, cada vez mais amizade é um conceito desconhecido para muitos!

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    1. Eu tenho amigos com quem estou raramente mas sei que são meus amigos. Sei que nunca me usaram. Por isso, separo aquilo que estás a dizer e que é normal de pessoas que usam as amizades enquanto dá jeito.

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