6.3.13

agora escrevo eu #6


Hoje é dia de mais um momento de partilha. No menu das palavras, consta uma história de amor que me fez sorrir bastante. Aprecio a forma descomplexada como as pessoas abordam as suas vivências. Sem rodeios e sem truques de maquilhagem que tentam esconder as naturais imperfeições com que todos lidamos. Simples e encantadora esta história de amor.

"Num dia que parecia comum, em que acordei remelosa e a babar-me para almofada como em tantos outros, lá me arrastei para o bloco. Sempre detestei cirurgia programada da coluna mas não se pode ficar só com o filet mignon. Calha a todos, e passar 4 horas a ver por um buraquinho para remover uma hérnia discal a uma velhota que não sai da cama há mais anos do que eu sou viva é coisa de não só me fazer confusão como me deixar com uma dorzinha moedeira no pescoço capaz de incapacitar um rinoceronte. Como tenho amor aos meus ovários, planeio fazer bebés um dia, e avental de chumbo é pesado comó o raio e faz suar, no momento do raio-x de controlo saí da sala. É bom para esticar as perninhas e dar uso às articulações do pescoço. Isso e arejar o sovaquinho.

Estava eu a traçar o meu plano de fuga rumo ao sol poente, e deparei-me com ele. Olhou para mim durante mais do que 6 segundos e eu só me lembrava que tinha adormecido a ler um estudo que comprovava que uma fixação durante essa quantidade de tempo comprovava atracção física ou tendências homicidas. Rezei 3 pai-nossos para não ser dos da legião que me apelidava de Satanás por aqueles corredores e perguntei-lhe se era obstetra. Acho que o ofendi. Contou-me que tinha terminado um quisto de Becker, e que nem sequer gostava de sobremaneira. Pela cabeça só me passou "grandessíssimo filho da ****, tem o MEU filet mignon e ainda se queixa..."!

Juntei-me a ele e apreciei a sua técnica de "sou a última coca-cola no deserto e as minhas suturas são melhores do que as tuas". O certo é que acabou por me convidar para almoçar umas pataniscas com arroz de feijão pela módica quantia de 3,25 euros no tasco em frente, e me fez pagar a minha metade no final, acompanhada pela frase "a pagar um almoço, que seja num sítio de jeito!". Deixei passar porque me pareceu que era a única desculpa que podia encontrar para me voltar a convidar fosse para o que fosse.

Dito e feito, mais dia menos dia e fomos almoçar. À beirinha mar, o tempo até deu de sua graça e percebi logo a flor de estufa que ele era ao me pedir para trocar de lugar comigo por causa do sol na cara. Mais ponto menos ponto, fizemos como 95% dos casais do Mundo e fo***** até nos apaixonarmos. Até começar a ciumeira, as noites sem dormir a pensar se o gajo se andava a roçar no restante mulherio, e decidir exigir exclusividade. Mas isso é já outra história.”


28 comentários:

  1. História gira, contada de forma simples, bem disposta e directa.
    Confesso que foi a primeira vez que me fizeram pensar num quisto como sendo um Filet Mignon para alguém...:)

    5*

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  2. Gostei desta história de amor =) Cheia de humor à mistura! Bjjinhos***

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  3. :)

    Pela ordem de ideias, eu tenho um Filet Mignon para tirar... :)

    Gostei da história!

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  4. Bem, desculpem-me, autora da história e HSB, mas a única coisa que me ocorre é um comentário de Ambrose Bierce: "Antes de se submeter a uma cirurgia, organize os compromissos pessoais. Pode ser que você sobreviva."

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  5. Fabuloso! tenho de descobrir esta blogger :)

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  6. Quando passa o próximo capítulo?
    gostei bastante

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  7. Eheh muito obrigada HSB! E leitores das nossas jabardices! Quem tiver filet mignon.. Só posso recomendar que mo traga! :P R.

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  8. Que história triste e vocabulário vulgar e ordinário para alguém q se diz médica. Fico mais descansada se a autora for adepta de greys anatomy e apenas ter fantasiado, do que pensar q existem por ai médicos com esse vocabulário, q para além disso acham q escreveram algo com qualidade. Eu percebo q o hsb publique o texto, pois disse q os publicaria todos, ms daí a haver quem goste, acho ridiculo, embora saiba q há pessoas q gostam de tudo e concordam com tdo, pessoas desprovidas de conhecimento.

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    1. Oh anónimo.. Antes de médicos, professores, historiadores, seja o que for, somos seres humanos. Se acha que somos diferentes é porque obviamente não é uma de nós... Fazemos as mesmas coisas que os outros, sorrimos com as mesmas coisas, e obviamente o que nos move são as mesmas coisas. Gostamos mais de umas cirurgias/temáticas do que outras, também detestamos certos tipos de comida, também adoramos uma boa tasca e dizemos mais palavrões do que a maioria das pessoas quando estamos numa situação complicada: Quando tudo o que menos interessa é a nossa vida e sim a das pessoas que atendemos. E mais... A maneira como se escreve, não reflecte quem somos. Já o encarou como um escape? :) Nunca ninguém prometeu qualidade, no que a mim me toca... Escrevemos, e direito à sua opinião, toda a gente tem :) R.

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    2. Acho que a autora respondeu.

      Quanto a mim, digo que não coloco travões nos textos que me enviam.

      E partilho da opinião de que a escrita é um belo escape.

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  9. ena ena, tb existem haters ou simples anoninos otarios pelo teu blog HsB...ja podes dizer q és um blogger trendy agora xD

    Ps: Qt á historia ta engraçada.

    abraço

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