13.2.13

somos apenas números


Tenho acompanhado com atenção a série Sob Suspeita (Person of Interest), transmitida às segundas-feiras no canal Fox. O carimbo de qualidade de J.J. Abrams (criador da série Lost) e a presença de Jim Caviezel foram argumentos que me conquistaram imediatamente, tal como o contributo de Michael Emerson (O Ben de Lost). Para quem não sabe do que se trata, este último é um multimilionário que desenvolveu um programa informático que consegue prever a identidade de pessoas ligadas a crimes violentos que vão ter lugar num curto espaço de tempo. Porém, existem limitações com o mesmo. A dupla não sabe se a pessoa em questão é vítima, agressor ou uma mera testemunha de algo nem o local onde o crime irá acontecer. Além disso, estas pessoas chegam à dupla apenas em forma de número. Por sua vez, estes recorrem às mais recentes tecnologias para vigiar a pessoa em questão.

Quanto à série, por um lado fico feliz por ver Jim Caviezel no papel de bom da fita. É certo que existe um certo exagero em torno da sua personagem que é uma espécie de herói que consegue derrubar um exército sozinho se assim for necessário. Porém, acho que vai muito bem no papel e que a série consegue cativar quem a vê. Mas, aquilo que mais gosto na série são duas temáticas que dão que pensar. Primeiro, o facto de estarmos constantemente vigiados por câmaras, e não só, que nem imaginamos que existem.

Será um exagero da produção? Não creio. Sou daqueles que acredita que existem câmaras em diversos locais. Muitas vezes em sítios onde nem sequer sonhamos que existem. Além disso, quem me garante que ninguém ouve uma conversa que tenha ao telefone. E quem me garante que os meus emails não são lidos por outras pessoas que acedem ao meu computador sem que eu me aperceba? Cada vez mais vivemos na era do Big Brother em que todos somos observados. Esta é a minha ideia.

Além disto, dá que pensar o facto das pessoas que podem correr perigo chegarem às mãos dos dois salvadores em forma de número. Afinal, na realidade é isso que somos. Apenas números. Nada mais do que isso. No trabalho (principalmente em empresas de grandes dimensões) somos um número. O mecanográfico e aquilo que produzimos. Para a Segurança Social somos um número. Para o banco somos um número. Podia ficar horas nisto mas basta o exemplo do banco. Quando preciso de algo, eles não querem saber de mim. Só lhes interessa todos os números que envolvem a minha actividade bancária. E a verdade é que somos apenas um número na maior parte das vertentes da nossa vida. Talvez seja a conjugação de tudo aquilo que referi que me faz gostar da série.  

32 comentários:

  1. Das melhores séries dos últimos tempos! Gosto mesmo muito da dupla (e da Carter vá!) e o quão devagarinho vão revelando cumplicidade! :)

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  2. Não conheço a série mas efetivamente somos um número...mas um número com alma ;)

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  3. Os números comandam a vida hoje em dia é por isso que sou da área deles =) Não conheço a série, mas deve ser muito boa pelo que descreves! Eu via a série "Números" que julgo que já não passa, que também resolviam os crimes em torno dos números! bjinhos***

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    1. Também via (ocasionalmente) essa. Aposto que vais gostar desta.

      beijos***

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  4. Nunca vi essa série, mas se é o do mesmo criador de LOST só pode ser boa.
    E sim, nós somos números e nem podia ser de outra maneira...não há nada mais lógico nem racional que a matemática e os números. Portanto é normal que assim seja. Os números regem a nossa vida, de todas as maneiras. Uma outra série que, de uma forma diferente, mas também aborda isso, é Touch. É simplesmente brilhante.
    bj

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    1. Eu gosto. E não há volta a dar. Somos apenas um número. Também gostei muito de touch.

      beijos

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  5. As meninas de Odivelas são um número... Para quem não viu a reportagem que passou na Sic há uns dias sobre as raparigas que frequentam o Colégio Militar interno de Odivelas, são assim que elas são tratadas, não pelos nomes mas por números. Não concordo, acho absurdamente impessoal e desumano... Qualquer dia andamos marcados com códigos de barra na nuca também, como já apareceu em alguma série ou filme, não me lembro bem...

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  6. Quanto á série não conheço.

    Mas sim, infelizmente, somos um número como referes. Cada vez mais um número fiscal que tem outros números por detrás.:(

    Resta-nos não temer as câmaras ocultas e continuar a ser gente de carne e osso e com sentimentos para os que amamos e para os que nos rodeiam e estimamos. Encher o ego disso para compensar .:)

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  7. Tenho-me forçado a ver uns ep. Mas acho a personagem do Jim pouco credível. Presa nos movimentos.

    Mas gosto do conceito. Desta ideia de big brother que já está presente de alguma forma. Gosto. Intriga-me a preocupa-me.

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    1. Essa falta de credibilidade tem a ver com o facto dos quase super poderes que tem.

      "Gosto. Intriga-me e preocupa-me", nem mais.

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  8. Quando nascemos sao.nos dadas duas coisas: um nome e um.numero. Para a nossa familia somos a X ou o Y mas na maternidade somos o bebe 3837373. E assim sera o resto da vida.

    É triste mas é assim que as coisas sao e é im sistema que ate compreendo. E tenho que espreitar essa serie!

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  9. Adoro a série. E tens muita razão no que dizes. A nossa vida é regida praticamente só com números. Eu também acredito que somos vigiados onde menos esperamos, o que me assusta um pouco confesso. E quanto às escutas nos telefonemas, acredita, existem mesmo! E não é só no futebol e política.

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    1. Estou contigo. Na série e na possibilidade de existir uma constante vigilância à nossa volta.

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  10. Sou completamente vicida nessa série , devorei todos os episódios num ápice!

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  11. Por causa dessa série e de outras do género, que gosto, fico um bocado desconfiada com o 'olho' do meu portátil...penso sempre se ele está desligado, ou alguém pode remotamente espreitar por ali...tst!

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  12. No fim dos anos 70 li o "1984" do George Orwell e tudo aquilo me parecia absoluta ficção. Hoje estou dentro dessa ficção. Também fui menina de Odivelas, entre 1973 e 1978 e de facto tinha o nº 145, no entanto, lá dentro sempre me trataram pelo nome próprio. Só nos chamavam pelo nº no altifalante para irmos ao posto médico. O nº servia sobretudo para identificar a nossa roupa e outros bens.
    Um abraço,
    Alexandra Anjos

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    1. Uma grande obra. Li na Faculdade. Desconhecia isso de Odivelas. Obrigado.

      beijos

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  13. Olá!

    Tenho que procurar a série!
    Já há algum tempo que reparei que, em alguns sítios (se calhar demasiados) deixamos de ser pessoas... apenas um número... Coisas dos tempos...

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  14. Cada vez mais, somos só e apenas números...

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    1. Mas podia haver um esforço para que nos tratassem como pessoas.

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